Sim, caro amigo: Eu vi o papa! E foi sem querer!
🙂
Começo agora um novo espaço em meu blog, no qual contarei algumas histórias de minhas viagens para vocês!
Inspirada pela curiosidade da Analuiza do blog Espiando pelo Mundo, (ainda farei aquele post, Ana!) decidi abrir meus emails de 2008 (sim, faz tempo) no qual eu escrevia longos romances, digo emails aos amigos e familiares, contando as coisas que eu estava vivendo na Itália!
Como é o primeiro relato sobre minha vidinha na Itália, preciso te situar no tempo e na história:
Me formei em Língua e Literatura Italiana pela USP em 2005. Juntei uma graninha e em 2008 passei 6 meses na Itália.
Foi um super perrengue: muita vontade, muita coisa para ver e muita pouca grana (mas sobrevivi).
Desses 6 meses, quase 2 meses passei na casa de amigos na Basilicata, em um “paesino” chamado Rionero in Vulture, outros 2 meses eu passei na Liguria, em Gênova; 1 mês eu passei estudando em Camerino, na região dos Marches e diria que o outro mês foi passeando pela velha bota (além dos 15 dias em Paris, com o Thiago, que ficou por lá)!
Va bene, mas e o papa?
Certo, certo! Vim aqui para te contar como foi que vi o papa!
Isso ocorreu em um domingo, no dia 18 de maio de 2008 (grazie, Google).
Eu estava em Gênova e, segundo o meu relato, o tempo estava uma porcaria. Chovia muito na cidade e o sol resolveu aparecer apenas às 17 horas daquele domingo.
Meus 2 meses em Gênova foi bastante solitário e como eu estava cansada de ficar trancada no apartamento, peguei minha máquina e fui dar um giro.
Por conta da solidão (não existia whatsapp; Facebook era forte apenas na Europa e EUA e mal haviam celulares 3G no Brasil), quando eu me sentia só, saia de casa com minha câmera e fazia vídeos, narrando os locais que eu visitava.
Os vídeos eram para, em um futuro, mostrar para amigos, mas a maioria eu fazia para minha mãe e para meu marido (na época namorado).
E foi isso que eu fiz naquele domingo: peguei minha câmera e fui para o centro para continuar filmando as coisas interessantes da cidade (como bondinhos, trens, elevadores, praças e etc).
Fiz todo o percurso do prédio em que morava até o centro. Quando cheguei na praça De Ferraris, pensei em descer sentido o porto.
No entanto, como a bateria da minha câmera estava acabando, mudei de última hora o meu itinerário e desci a rua Dante (lado oposto ao porto), pois ali está a suposta casa do Cristóvão Colombo (do pouco que eu li sobre isso, acredito que o Colombo que ali morou, nada tinha a ver com o nosso querido Cristóvão! hehehehe).
Ao entrar nessa rua, percebi uma grande movimentação de policiais. Já os havia visto alguns minutos antes, mas ali estava demais.
Olhei pouco mais abaixo da casa do Colombo, no cruzamento com a rua Gabrielle D’Anunzio e vi que havia um bloqueio de carabinieris, os policiais italianos.
E o que me estranhou é que, naquele bloqueio, haviam pessoas paradas como se esperassem algo.
Como não sou “nada” curiosa, fui até lá e tentei ouvir o que o povo falava e me lembrei de ter lido notícias sobre a visita do papa Bento 16 na Liguria e pensei: Talvez hoje seja o dia de Gênova e talvez aquelas pessoas estivessem ali esperando a comitiva passar.
Fiquei lá também!
hehehehehe
Aguardando o Papamóvel
Serei sincera…. naquela época eu era uma agnóstica com um pé no ateísmo e, como muita gente, eu não tinha nenhum carisma pelo papa alemão.
Quando li que ele estaria na região, não fui atrás de saber o que ele faria. Porém, eu estava ali e, bom…. eu queria ver o papa!
rs
Tentei puxar da memória como seria o papamóvel e fiquei no aguardo. Não demorou muito até que subiram 3 carros de polícia a toda velocidade.
Tentei ligar a minha máquina pra filmar o que inesperadamente eu iria ver e nada.
A porcaria da bateria não quis funcionar. Ainda a tirei, dei uma sopradinha (rs, milagres poderiam acontecer, né?) e nada.
Não ligou!
Enquanto eu brigava com a máquina, vi vários carros pretos subirem em alta velocidade. Na hora pensei no “Robert Langdon” (hahahahahah). Eu estava lendo naquela época o livro “Angeli e Demoni“, em italiano, para procurar em Roma algumas das igrejas e obras de arte citadas pelo autor.
Obvio que não teria nenhum Robert Langdon, nem sequer um Tom Hanks (rsrsrs), mas eu estava ali aguardando os famosos guardas suíços e o Papa Bento 16 (Benedetto sedici em Italiano)!!!!
Continuei apreensiva!
Não havia tanta gente na rua e eu consegui ficar em um local maravilhoso, bem no meio da rua, esperando o carro fazer a curva sentido sei lá para onde!
Minha máquina ainda sem sinal de vida… O papamóvel iria passar em breve e eu nem teria como filmar – fotografar isso!!!!
Quer dizer, cadê o papamóvel??? Sò subiam carrões pretos!!!!!
Sim, eu vi o papa!
Enquanto procurava o papamóvel e tentava ligar minha máquina, percebi que, naquela correria de carros pretos que subiam velozmente a via Dante, um dos carros pretos haviam bandeirinhas na frente.
Meu cérebro ficou um pouco atordoado: bandeirinhas? um carro de chefe de estado? Quem é o chefe de estado do Vaticano?!
Foi tão rápido que, enquanto meu cérebro processava a informação de que o papa é o chefe de estado, aquele carro fazia a curva na minha frente, e ali dentro estava sua santidade vestido de branco, sorrindo e dando tchau para nós ali parados!
Eu, que ainda esperava o papamóvel e no meio de tudo aquilo, fiquei de boca aberta. O papa Bento XVI estava ali dentro!
Acho que existia uma luz refletora naquele homem! Nunca vi nada tão branco e luminoso (não, não me converti nessa hora)!
E eu não fiz nenhuma foto e nenhum vídeo! E mesmo se eu estivesse com a câmera a posto, não teria feito foto nenhuma! Tudo aconteceu rápido demais!
Sei que eu não tenho como provar, mas que eu vi o papa, eu vi!
rs
ps: os vídeos que fiz de minha casa até a Praça De Ferraris foram os últimos daquela câmera! Não era a bateria que deu pau! Foi minha câmera, recém comprada nos EUA, que deu tilt e nunca mais funcionou! Com pouca grana, tive que comprar uma nova máquina fotográfica para mim!
Adoro esses relatos de coisas inusitadas que acontecem em viagens. De repente você está lá, só “turistando” e algo acontece. É bom que sempre rende coisas engraçadas (nem sempre) para se compartilhar. Mas a foto do Papa seria legal ter de recordação. rs 🙁
É muito legal quando acontecem essas surpresas inesperadas em nossas viagens e infelizmente nessas horas a lei de Murphy muitas vezes fala mais alto. A bateria da máquina, o cartão de memória sempre vai acabar falhar momentos antes do ponto alto da viagem. Existem coisas que apesar de não registradas ficaram marcadas para sempre em nossas memórias.
Que legal! Conseguir ver o Papa assim é pra coroar qualquer viagem!
Muito legal teu relato… fui ficando ansiosa conforme ia lendo…. me senti ali esperando o papamóvel!
Às vezes as melhores histórias não são registradas em fotos. Particularmente, adoro posts assim. São estes os textos que diferenciam entre si centenas de blogs que escrevem sempre da mesma forma sobre um mesmo lugar ou fato. Parabéns!
Juliana, que legal seu relato! Aliás, sou fã de relatos (com menos informações e mais emoções) de viagens e pode ter certeza que estarei te acompanhando. 🙂