O perrengue de viagem em Roterdã
Quem nunca passou por um perrengue de viagem?
Eu tenho várias histórias para contar (calma, Analuiza! Um dia conto tudo! hehehehe):
Já perdi trem na madrugada em Berlim (e sem ninguém para nos ajudar), perdi voos no Brasil e no exterior (tive que ficar 3 dias circulando pelo aeroporto Charles De Gaulle em Paris, aguardando uma vaga para voltar para o Brasil, já viajei com filhote com diarreia dentro de um avião com problemas (e chegamos com 4 horas de atraso no destino). Porém, foi na Holanda que passamos pelo nosso maior perrengue de viagem: Foi quando “me perdi” de meu marido em Roterdã!
Imaginem a nossa situação:
Antes de relatar meu drama, fechem os olhos e se imaginem indo para a Europa no inverno. Suas malas estarão mais cheias, graças ao volume de roupas de frio, certo?
Agora pensem em viajar com uma criança. Ou melhor: com um bebê de 1 ano e 2 meses.
Se imaginou?
Carrinho de bebê , brinquedos, fraldas e mala extra?
Agora, imaginem isso tudo em uma viagem que terá 3 meses de duração? Duplicou a quantidade de malas em seu pensamento?
Era assim que estávamos:
O Thiago (meu marido) estava arrastando 2 malas grandes, com o mochilão de 80 L nas costas e com a mochila dos laptops e tablets no peito (íamos “trabalhar” em Berlim. Meu marido com a pesquisa do doutorado e eu com meu blog);
Eu fiquei com meu mochilão de 65L nas costas, a bolsa com todos os documentos e dinheiro, a bagagem e o carrinho do e com o Léo.
Nosso destino era Berlim, mas resolvemos começar a viagem com 5 dias na Holanda.
Chegando na Holanda
Chegamos em Amsterdã por volta do meio dia e para a nossa sorte, o aeroporto é coligado com a estação de trem.
Nos ajeitamos, fomos atrás do trem. Meu marido foi para a fila da bilheteria, comprou o bilhete e descemos para a plataforma.
Era nossa 1° viagem pela Europa com o Léo e com malas (normalmente viajamos com nossas mochilas) e não nos atentamos para uma coisa: existem vagões específicos para cadeirantes, mães com bebês, malas grandes e bikes.
E é claro que o vagão que pegamos não era assim!
Foi o ò do borogodò subir as escadinhas do trem com tudo o que carregávamos, mas o pior: fizemos a viagem em pé, no compartimento em frente à porta (pois não dava para entrar nos vagões e procurar um local para se sentar).
DICA: Agora que vocês sabem disso, procurem ou peçam informações para saber qual é o vagão especial; Melhor ainda: se puder, reserve assentos na “cabine família”.
E’ um compartimento fechado com 4 ou 6 assentos que você pode, inclusive, permanecer com o carrinho de teu bebê aberto!
Mas o que aconteceu?
A sorte é que o Thiago comprou (sem querer) o bilhete mais caro e, portanto, em meia hora chegamos na moderna estação central de Roterdã. Ainda ali, perguntamos se era ideal pegarmos um taxi e nos indicaram ir de bonde.
Adquirimos o Roterdã Welcome Card (que nos dá direito à transporte grátis) e fomos para o ponto dos bondes, pegar o bonde n° 24 até a estação Roterdã Blaak” (nos hospedamos no StayOkay que fica nos famosos cubos – veja meu relato neste link).
Parecia tudo ok.
O ponto era ao lado da estação; o hostel que ficaríamos era em frente ao ponto de descida. Como disse…. Parecia tudo ok!
E o bonde demorou para passar….. a plataforma lotou…
Lá, no ponto, vimos que a última porta dos bondes era destinada aos carrinhos de bebê e por ali ficamos.
Os bondes são precisos….. chegam na hora marcada. E as pessoas também! A plataforma foi se enchendo conforme o horário ia chegando. E muitos ficaram perto da última porta.
O bonde chegou na hora que marcava o visor, todo mundo se aglomerou para entrar, mas antes disso, tivemos que esperar duas (folgadas) saírem do bonde com seus filhotes nos carrinhos.
Elas saíram na maior tranquilidade e conversando. Pouco se importando com quem queria entrar.
A aglomeração era grande. O povo foi entrando, chegou a minha vez.
Ufa!
Coloquei o carrinho do Léo e, quando eu ia subir, a porta se fechou! O carrinho já estava quase todo dentro do bonde e eu entrei em pânico, xingando em português!
Por sorte, alguém apertou o botão e a porta reabriu (e quem disse que no pânico eu iria me lembra disso????).
Entrei correndo e atrás de mim outras pessoas entraram, mas a porta se fechou novamente e não se abriu! Olhei pra trás e não vi meu marido. Olhei para fora e o vi, certamente, blasfemando, p da vida!.
Alguns ainda bateram na porta (pois ele não fora o único), mas nada adiantou. O bonde se foi, o fundo se esvaziou e meu marido, com todas as malas super pesadas, ficou para trás.
Fiquei em choque.
Foi algo tão inesperado que nem nos comunicamos pela janela enquanto o bonde partia. Eu não fiz sinal que iria descer no próximo e nem ele fez sinal para que eu voltasse.
Como ele ficou ouvindo música no celular durante o voo, estava sem bateria e mesmo se tivesse, nem havíamos programado o aparelho para rooming (nos programamos para essa viagem muito em cima da hora e iríamos comprar um chip na Alemanha).
A bolsa com documentos e dinheiro
Antes de começar a chorar, me dei conta do seguinte: todos os documentos, dinheiro e qualquer coisa importante fica na minha super bolsa. O Thiago tinha com ele apenas a carteira quotidiana, com cartões e dinheiro brasileiros (pelo menos isso). Até mesmo o Welcome Card Roterdã que havíamos acabado de comprar estava comigo (olha o vacilo).
Por isso, eu desci no ponto seguinte na esperança de que ele pegasse o próximo bonde. Não sabia o quanto ele havia prestado atenção no local que ficaríamos (sou eu a responsável pela programação e reserva de hotéis).
O bonde passaria em 17 min. Fiquei aguardando.
Pensei em atravessar a rua e pegar um bonde para retornar, mas o ponto estava vazio e estava apavorada demais para pensar em algo. Aguardei os 17 minutos e quando o bonde chegou, não o vi lá dentro!
Ele não estava dentro do bonde e, por algum motivo, eu entrei nele.
Mas e ele?
Ele, com medo de entrar no bonde sem nenhum euro, me aguardou voltar e, como não me viu, foi atrás de um banco sacar dinheiro, com todas as malas e mochilas!
Eu não tinha ideia do que ele havia pensado ou o que ele iria fazer.
Cheguei a imaginar que alguém pudesse ter dado alguma indicação de outro bonde ou que ele tivesse pego um taxi. Fui para o hostel com a esperança de encontra-lo por lá.
Eu já estava com o choro entalado na garganta. Quando cheguei no StayOkay e não o vi lá, cai de verdade no choro. Nem falar em inglês para contar o ocorrido eu consegui!
Deixei as malas no quarto e tentei, em vão, voltar à estação Blaak para ver se ele estaria por ali, mas depois criei juízo e fui alimentar meu filho (que também chorava, mas de fome e fralda cheia). Respirei fundo e mandei um e-mail a ele avisando onde eu estava (se ele realmente não soubesse qual hostel nos hospedaríamos, ele teria procurado um local com wifi e usado os aparelhos que estavam com ele).
Por sorte, ele havia se lembrado do nome do hostel e do local para descer, mas pagou uma mega taxa alta para poder sacar alguns eurinhos! Ele demorou muito, mas chegou!
Passado o perrengue e o nervosismo, saímos para comer!
Conclusão: Nunca mais deixaremos tudo apenas em minha bolsa! Pelo menos um pouco de dinheiro local ficará nas duas carteiras! E eu imprimirei sempre duas vias dos locais onde nos hospedaremos.
😉
Ju, fazia anos que não visitava seu blog. Parabéns pelo trabalho!
Que grande perrengue vocês passaram na Holanda! Eu teria entrado em pânico no seu lugar e no do Thiago
Jù
Eu entrei em panico… chorei que nem uma boba e mal conseguia falar com as pessoas….. Mas passou!
rs
Obrigada!
Te aguardo por aqui! 😉