A Gemaldegalerie de Berlim
Como seu nome indica, a Gemaldegalerie de Berlim (ou Gemäldegalerie – galeria de pinturas) é dedicada principalmente a pinturas. Seu acervo contém esculturas e algumas outras poucas coisas, mas o fundamental está na enorme e invejável coleção de quadros.
E eu amo quadros!!!!! Não preciso nem dizer que este museu foi para mim o MELHOR DE BERLIM, não é?
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Moderno e funcional, o prédio da Gemaldegalerie de Berlim não parece oferecer grandes atrativos estéticos, ao menos à primeira vista.
Ele é dividido basicamente em quatro partes; três no andar principal e uma menor no térreo (ou subsolo).
Não visitamos esta parte menor, aberta apenas nos finais de semana, e não sabemos exatamente o que há ali, uma vez que o panfleto com informações se resume a dizer: pintura europeia dos séculos XIII ao XVIII.
De qualquer modo, o destaque da Gemaldegalerie vai para: Botticelli, Raffaello, Mantegna, Tiziano, Caravaggio, Van Eyck, Dürer, Rubens, Vermeer e Rembrandt.
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Accessibilidade na Gemaldegalerie
O prédio da Gemaldegalerie é mais moderno que os prédios dos museus da ilha, mas ainda do lado de fora apresenta algumas escadas; para adequar o espaço, foi criado grandes rampas na lateral.
O bom é que o espaço é imenso e todo o acervo se encontra no piso de entrada, mas caso você queira ir ao café/restaurante ou banheiro antes de entrar no museu, terá que pegar elevador.
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Circulando pela Gemaldegalerie
O espaço principal do deslumbrante acervo da galeria está disposto em duas das três alas do andar principal.
Na ala central, são montadas as exposições temporárias; na ala da direita (salas 1 à 19) vemos as obras produzidas no mundo não latino (Alemanha, Flandres, Holanda); na ala da esquerda (salas 23 à 40), vemos obras produzidas no mundo latino (especialmente na Itália, mas também na França e na Espanha);
Pintores ingleses ficam mais ou menos entre uma parte e outra (salas 20 à 22). Apesar de pequenas torções, a organização é cronológica e se estende do século XIII ao XVIII.
(clique aqui para visualizar a imagem que digitalizei do mapa das salas com as legendas)
Começamos a nossa visita pela mostra do Botticelli (que comentarei no final do texto) e depois seguimos para a sala 1 (com o objetivo de seguir o museu em sua ordem).
O problema é que esse museu é imenso e quando estávamos terminando a primeira ala, nos demos conta que tínhamos apenas 1 hora para visitar o museu.
Com isso, nos separamos. Eu (Juliana) segui correndo para ver Caravaggio e alguns italianos (minha paixão). O Thiago continuou o roteiro e não viu os italianos.
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O acervo
O acervo da própria galeria é imenso e de altíssima qualidade, o que a coloca entre os principais museus do mundo. A quantidade de obras primas torna impossível apontar highlights da galeria, de modo que sobra apenas a possibilidade de listar, de modo muito pessoal e meio arbitrário, algumas mais especialmente marcantes.
Vou tentar fazer isso seguindo a sequência das salas:
- As obras da ala da direita
Como escrevi acima, essa primeira ala corresponde às obras dos pintores da Alemanha, Flandres, Holanda.
Nas salas dos pintores alemães, os destaques estão para Dürer, Cranach e Holbein.
Eu mal conhecia os Cranach (pai e filho, ambos chamados Lucas, foram pintores) e a visita à Gemäldegalerie permitiu a descoberta destes dois grandes pintores (o pai, sobretudo).
Gostei particularmente da “Fonte da juventude” e de uma bonita sagrada família. Seu famoso retrato de Lutero está lá também.
Nas salas dos pintores holandês, os destaques estão para Rembrandt, Rubens e Vermeer.
Rembrandt tem lugar especial na galeria, com salas dedicadas a ele, muitos autorretratos e algumas de suas obras primas.
A quantidade de obras de Rembrandt na Gemäldegalerie é tão grande que faz surgir a comparação com o acervo do Rijksmuseum, onde também há muitas.
O museu holandês tem obras mais conhecidas, mas Rembrandt está magistralmente representado também em Berlim onde se pode ver Rute e Boaz; Moisés quebrando as tábuas da lei, “Susana e os anciões” e “A parábola do rico insensato“.
Claro que a grandiosa pintura holandesa não para por ai.
Há muitas outras preciosidades como “A mulher pesando uma moeda de ouro” e A taça de vinho de Vermeer; “Madonna na igreja” de van Eyck, “Provérbios holandeses” de Brueghel, “Retrato de uma moça” de Petrus Christus, “São João na ilha de Patmos” de Bosch e muitos outros.
- As obras da ala da esquerda
Como escrevi acima, essa segunda ala corresponde às obras dos pintores da Itália, França e Espanha, com um destaque maior para obras italianas.
Estas eram as salas que eu gostaria de passar mais tempo e foram justamente essas salas que precisei fazer correndo.
Quando um segurança do museu nos avisou que o local fecharia em uma hora, me apavorei!
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Deixei de lado algumas obras primas holandesas e fui correndo apreciar de perto “O amor vitorioso” (Amor Vincit Omnia) de Caravaggio, uma de minhas obras favoritas e um dos meus objetivos ali.
Meu marido ficou e eu fui! Empurrando o carrinho do Leo!
rsrsrsrs
Me perdi entre as salas das obras inglesas (o mapa ficou com meu marido e o local é bem confuso), mas a achei!
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E o mais incrível: do outro lado na mesma sala, havia uma obra que para mim era desconhecida, mas que por sorte faz parte daquele acervo: Era a “inútil” resposta de Giovanni Baglione a essa incrível obra de Caravaggio com seu Amor sacro e amore profano (foto ao lado).
Além destes, ainda tinha Rafael, Mantegna, Giotto, Velasquez, Ticiano, Fra Angelico e também Dürer, Rubens, Holbein, Gainsborough, e muitos outros para citar.
Um acervo assim grandioso exige mais de uma visita para ser contemplado, mas talvez seja possível ao turista fazer uma seleção meio arbitrária do que pretende ver com mais vagar e passar pelas demais salas de modo menos detido.
De qualquer forma, é uma visita obrigatória a quem se interessa por pintura e está em Berlim.
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A mostra temporária: “The Botticelli Renaissance“
Frequentemente a galeria exibe uma exposição temporária (neste exato momento em que escrevo, o museu está exibindo uma mostra de Velázquez) e enquanto estávamos lá, vimos “O Renascimento de Botticelli” que, além de celebrar o grande pintor, pretendia evidenciar sua influência ao longo dos séculos.
A exposição foi organizada portanto cronologicamente, começando com artistas contemporâneos e terminando com o próprio Botticelli. O brasileiro Vik Muniz aparece com seu “VantagePoint X”, na mesma sala em que estava Andy Warhol e a obra que Alain Jacquet dedicou a Botticelli em suas “Camouflages“. Há uma versão transexual do “Nascimento da Vênus” feita por Joel Peter Witkin (só achei em Pinterest e não sei como pegar) e fotos de David LaChapelle com temas do pintor.
Recuando no tempo, encontramos Magritte, com “Le bouquet tout fait“, certos usos de temas de Botticelli para catálogos de exposições, “A fonte” de Ingres, e O nascimento da Vênus” de Bourgereau, além de uma lindíssima edição antiga do “Vidas” de Vasari (livro em que Giorgio Vasari conta a vida dos artistas do Renascimento, então ainda em voga). O horror da guerra se fez presente na exibição da moldura de um quadro de Botticelli destruído em um bombardeio.
Embora toda esta trajetória seja muito bonita e interessante, o auge da exposição era realmente o próprio Botticelli; ou melhor, aquilo que se acredita ter sido pintado por ele ou em seu ateliê (ou quem nem sempre é evidente).
A exposição trouxe uma cópia de Vênus, seu magnífico “São Sebastião” (o qual, salvo engano, pertence à própria Gemäldegalerie), uma bela Madonna com lírios, vários retratos magníficos como o de Giuliano de Medici e o de uma jovem , a “Natividade mística” e muitos outros. Depois de Berlim, essa exposição foi para Londres.
Não era permitido fotografar; as fotos acima retirei do site El museologo e do Flairberlin. Nestes dois sites há mais informações e fotos desta mostra!
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Os museus da Ilha do Museu (Museumsinsel)
A ilha dos museus é uma pequena ilha sobre o rio Sprea, presente no centro de Berlim e que recebe em uma das pontas 5 museus importantes da cidade:
- O Museu Pérgamo
- O Bode Museum
- O Neues Museum (museu Novo)
- O Altes Museum (museu velho)
Informações básicas:
Como chegar: A Gemaldegalerie não fica na ilha dos museus, mas sim no prédio da Kulturforum Potsdamer Platz, ao lado do prédio da Filarmônica de Berlim e perto do Tiergarten.
Endereço: Matthäikirchplatz, 10785, Berlin, Alemanha
A estação mais próxima é a Potsdamer Platz Bahnhof (linhas S1 S2 S25 e U2).
Preço:
Quando fomos, pagamos € 14 (com direito a vermos a mostra temporária de Boticelli). Atualizando agora em maio/2017, o preço é de 10€ (sem nenhuma mostra) e 16€ incluindo o Kulturforum, que não conheci.
O ingresso pode ser comprado através deste link (site do museu) e é válido para um dia.
Você também pode comprar o “Passe dos Museus da Ilha” (Museum Island all exhibitions), através deste link. Este bilhete te dá acesso a todos os museus da ilha dos Museus.Outra opção é comprar o “Museum Pass Berlin”que, além deste museu, dá acesso também a dezenas de outros museus durante 3 dias consecutivos .
- Horário:
Fechado às segundas. Terça à Sexta das 10:00 às 18:00; Quinta feira fica aberto até às 20hs. Sábado e Domingo das 11:00 às 18:00; Em caso de feriado, visitar o site.
Super amei o post, muitas informações importantes.
Abraço.