Conhecendo um pouco a Valpolicella, em Verona

Conhecendo um pouco a Valpolicella, em Verona

Eis meu primeiro post sobre a Valpolicella, a região pré-alpina ao lado de Verona (entre Milão e Veneza) que também dá nome a uma região vinícola, terra do Amarone, com muitas “cantinas” que oferecem degustações. Vamos conhecê-la um pouquinho?

Amantes de vinhos italianos certamente já ouviram falar na Valpolicella, uma zona italiana logo acima de Verona, que produz vinhos de grande prestígio. Eu já era apaixonada por esses vinhos e agora, morando aqui em Verona, dedicarei esse ano tentando conhecer o melhor que a Valpolicella pode nos oferecer. 

Se você está vindo para o norte da Itália e quer visitar algumas vinícolas, aconselho vivamente vir para Verona. A cidade é linda e os vinhos, um dos melhores do país! 

Aliás, a origem do nome Valpolicella é bem curioso, derivando do Latim. Val para vale, poli para muitos e cella (cellae em latim) para pequena cavidade ou cave (em inglês, adega é cellar): Um vale com muitas vinícolas.

Se você ainda não a conhece, neste post contarei brevemente sobre os vinhos da região e o atualizarei sempre que visitar uma vinícola.

Onde fica a Valpolicella?

Antes de tudo, vamos entender onde fica a Valpolicella?
Itália é uma península circundada pelo mar Lígure e Tirreno (ao oeste), Jônio (ao sul) e Adriático (ao leste);
Ao norte, o que separa a Itália da França, Suíça, Áustria e Eslovênia são os Alpes, uma região muito alta, de montanhas e frio durante o inverno. 
A Valpolicella se encontra nos pré-alpes da região do Vêneto, quase perto da Lombardia, no norte do país, bem acima da cidade de Verona (entre Veneza e Milão).

Agora pensando na Valpolicella, ela é dividida em:

  • Valpolicella clássica: A área mais antiga, onde nasceu a denominação. É aqui que encontramos as vinícolas mais histórica e antigas.
  • Valpolicella Valpantena: Um vale conhecido desde a antiguidade pela sua fertilidade. Valpantena em latim significa o vale de todos os deuses.
  • Valpolicella Estendida: A área mais oriental de Valpolicella. Aqui encontram-se as vinícolas mais recentes.

Encontrei esse mapa abaixo no Pinterest, sem nenhuma autoria (se souberem, me avisem para dar os créditos) e o achei bem interessante, por exemplificar o que explicarei mais abaixo (faltou a legenda para a Valpolicella oriental/espandida, sendo de cor ocre, entre as outras Valpolicella e a região de Soave).

Veja que ela se encontra logo acima de Verona (a melhor cidade base) e é possível conhecer algumas vinícolas usando meios de transporte público, carro e com excursões.

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Os vinhos da região da Valpolicella

Essa região produz basicamente vinhos tintos.
As uvas principais da Valpolicella, que são todas autóctones (nativas) são:

  • Corvina e Corvinone (ambas ressaltando sua cor escura, próxima à tonalidade das penas de um corvo); 
  • Rondinella (ressaltando também sua cor escura e levemente azulada, próxima à tonalidade das penas de uma andorinha –rondine em italiano);
  • Molinara (ressalta a coloração da cera esbranquiçada, como se fosse farinha… o nome deriva da palavra mulino, isto é, moinho).

Existem outras uvas na Valpolicella, como Forselina, Negrara e Oseleta, mas essas são as principais.

Há os IGT (Indicação Geográfica Protegida) Rosso Veronese (tintos de Verona), que utiliza muito a Corvina, mas em se falando de vinhos DOC (Denominação de Origem Controlada) e DOCG (Controlada e Garantida), temos:

Valpolicella Classico

Vinho de entrada, mais simples e leve, produzido com uvas frescas, fermentadas logo após a colheita e engarrafadas pouco depois. Seu teor alcoólico é baixo e tem pouco tempo de guarda;
Sua coloração também é bem clara, quase transparente. E’ um vinho barato, portanto, se você pretende ter uma boa experiência, aconselho provar um bom rótulo.

Valpolicella Superiore

Para este vinho, há uma melhor seleção de uvas em relação ao clássico; após a fermentação, antes de ser engarrafado, estagia pelo menos por um ano em barricas de madeira. Será um vinho mais encorpado e intenso em relação ao Classico, com teor alcoólico de 13 a 14%. Seu tempo de guarda é de cerca de dez anos. Não é um vinho muito caro, mas custa mais que o clássico.

Ripasso

O meu favorito entre os vinhos com valores mais acessíveis. Ripasso em italiano significa “passar novamente” e é mais ou menos esse processo. Neste caso, temos o Valpolicella Superiore passando por uma segunda curta fermentação, desta vez com as cascas das uvas utilizadas no Amarone ou Recioto. É um Valpolicella Superiore muito mais intenso, mas com algumas das características do Amarone. Sua coloração será mais acastanhada, chegando a 14% de álcool.

 

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Amarone

Esse é o rei dos vinhos da Valpolicella e que, infelizmente, chegam a preço de ouro no Brasil. Amarone, traduzindo, significa “amargão” e, reza lenda, foi criado após um erro do enólogo, que tentava fazer um Recioto e errou o tempo da fermentação.

A técnica consiste em deixar as melhores uvas secando em salas especiais durante um máximo de três meses, concentrando açúcares e aromas. Depois, envelhece em barricas de madeira por, pelo menos, dois anos, sendo um vinho muito intenso. 
O teor alcoólico é bem alto, normalmente 15%, chegando até 17%. É um vinho encorpado, elegante, com uma guarda que pode superar décadas na sua adega. Os valores por aqui também não são baixos. Os melhores custam acima de 30€, mas em mercado já encontrei garrafas por 15€, mas infelizmente é difícil achar no Brasil um rótulo simples por menos de R$ 350,00.

Recioto

Se o Amarone foi um erro de cálculo, dá para supor que o processo do Recioto é quase idêntico, com as mesmas uvas e o mesmo processo. A diferença é que, para o Recioto, a fermentação será mais curta, para manter um maior teor de açúcar. É um vinho doce, requintado, famoso vinho para sobremesa. Com chocolate, ele harmoniza certinho! Não é um vinho econômico, mas encontrei em uma loja de vinhos aqui de Verona um bom rótulo por 20€.

Conhecendo as vinícolas da Valpolicella

Acabamos de chegar em Verona e por aqui ficaremos em todo 2024. Visitaremos muitas cantinas e escreverei aqui meu ponto de vista. Volte em breve! Enquanto isso, vos deixo algumas sugestões de excursões partindo de Verona.

Algumas excursões:

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Mãe do Léo, professora de italiano e apaixonada pelas maravilhas do mundo.

11 thoughts on “Conhecendo um pouco a Valpolicella, em Verona

  1. Eu conheci Verona, mas não bebo vinho e nem fui aproveitar esse lado. Mas meus pais tão indo pra essa região daqui pouco tempo e tô mandando esse post pra eles agora, pq eles estão pesquisando justamente sobre Valpolicella!

  2. Que delícia acompanhar suas descobertas pela encantadora região da Valpolicella! Realmente, seus vinhos de prestígio são irresistíveis e a história por trás do nome é fascinante.

  3. Adorei conhecer um pouco da Valpolicella com vc! A Itália é mesmo cheia de lugares encantadores, e essa combinação de paisagens com passeios em vinícolas é irresistível.

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