Prometi, já tem um tempo, falar sobre a cidade de Firenze (Florença em português).
Bom, antes de tudo, há muito o que se ver e a quantidade de dias depende do que você gosta de apreciar em uma cidade durante uma viagem.
Por sorte, o centro histórico é bem pequeno e plano e tudo pode ser feito a pé.
Roteiros em Florença
Dividi a cidade em dois roteiros.
O primeiro é mais longo. Mostro o que se pode fazer de interessante no centro histórico. O segundo é mais curto, porém com mais subidas. Fica do outro lado do rio.
Para quem não sabe, Florença é capital da Toscana e é considerada o berço do Renascimento italiano. Tornou-se célebre por ser a cidade natal de Dante Alighieri e cenário de obras de artistas do Renascimento, como Michelangelo, Leonardo da Vinci, Giotto, Botticelli, Rafael, Donatello, entre outros.
Se você é apaixonado por arte, aconselho ficar no mínimo uns 3 dias na cidade (e quem sabe comprar por 72 euros o Firenze Pass). Além do museu dell’ Accademia e do Uffizi, é possível entrar em diversas igrejas e palácios cheias de obras de arte.
Se não é fã, creio que um dia inteiro dá para circular pelo centro.
O que comer em Florença:
A Toscana é famosa por sua enogastronomia e algo muito curioso sobre ela: seus pratos mais tradicionais são de origem “contadina”, baseada em ingredientes simples como o pão, o azeite e verduras.
Entre os antipastos, os mais tradicionais são os affettati (frios fatiados) como finocchiona ou sanguinacci (um salame temperado com erva doce e vinho tinto), crostini toscani ou milza di vitello (um tipo de torrada com patê que eles consideram da “leccarsi i baffi”).
Como primeiro prato, a massa pappardelle al sugo di lepre, la panzanella (um prato frio feito com pepino, tomate e pão), a ribollita (outro prato frio feito com vários legumes e pão) e vários tipos de sopas, em particular la pappa al pomodoro (sopa de tomate).
Como segundo, o mais tradicional é a bistecca alla fiorentina: carne de boi de boa qualidade, cozida na brasa e temperada com azeite, sal e pimenta, mas também tem a cacciagione (pratos com carne de animal selvagem, como o javali e lepre) e os fegatelli cozidos no espeto.
O doce mais tradicional é o castagnaccio, um bolo estilo brownie, feito com farinha de castanha e frutas secas, a schiacciata alla Fiorentina (bolo macio típico de carnaval) e os famosos cantucci (biscoito de amêndoas).
E como se não bastasse, a região é rica em vinhos como Chianti, Brunello, Rosso di Montalcino e o famoso Vin Santo, este último, praticamente um licor!
Arredores de Florença
Toscana é uma das regiões mais encantadoras da Itália e além de Florença, há outras cidades que merecem uma visita (e algumas, muito além de um bate e volta).
Um caso é Siena, a rival histórica de Florença, com seu centro histórico intacto e labiríntico! Fiquei 2 dias ali e foi pouco. A Marcia do blog Mulher Casada Viaja fez um breve roteiro de 1 dia por Siena.
CULTURA TOSCANA:
Um pouco das principais figuras da cultura florentino-italiana:
Brunelleschi: foi arquiteto e escultor renascentista. Entrou para a história ao concluir a cúpula da Santa Maria del Fiore, uma das primeiras catedrais em estilo renascentista. Brunelleschi também projetou o orfanato Hospital dos Inocentes, que era caracterizado pela sua proporção e pela repetição de colunas, as quais constituíam o elemento de sustento e a sua planta de cruz latina. Esta foi considerada a primeira manifestação de uma nova arquitetura, clara e organizada de uma forma racional. Outra grande obra é o Palácio Pitti, sendo este o protótipo do estilo palaciano renascentista. As igrejas de São Lourenço e Santo Espírito também são obras suas, tal como a importante Capela Pazzi, que é caracterizada pela sua estrutura geométrica
Cimabue: foi um pintor florentino e criador de mosaicos. Ele também é popular por ter descoberto Giotto e ser considerado o último grande pintor italiano a seguir a tradição bizantina. Ele introduziu a ideia de tratar imagens e obras como indivíduos. Cimabue pintou dois grandes afrescos na Basílica de São Francisco de Assis: a Crucificação e a Descida da Cruz. Outra obra é o grande Crucifixo da Basílica da Santa Croce, danificada na enchente de Florença, em 1966. Uma obra que sobreviveu foi a Madonna da Santa Trinità, que esta agora encontra na Galeria Uffizi. Na Basílica inferior da Basílica de São Francisco de Assis, existe um importantíssimo afresco de Cimabue: A Virgem com São Francisco.
Dante Alighieri: escritor, poeta e político italiano, considerado o primeiro e maior poeta da língua italiana. Foi muito mais do que literato: numa época onde apenas os escritos em latim eram valorizados, redigiu um poema, de viés épico e teológico, La Divina Commedia, que se tornou a base da língua italiana moderna e culmina a afirmação do modo medieval de entender o mundo. Envolvimento político o exilou de Florença para Ravenna, onde está sepultado até hoje (e não na igreja de Santa Croce).
Donatello: foi escultor renascentista italiano. Trabalhou em Florença, Prato, Siena e Pádua, recorrendo a várias técnicas para a confecção de esculturas em baixo-relevo com o uso de materiais diversos (mármore, bronze, madeira). Suas principais obras são: São Marcos – Florença; Tabernáculo de São Jorge – Museu Nacional do Bargello, Florença; Profetas – Duomo, Florença; O Banquete de Herodes – catedral de Siena; Davi – Museu Nacional do Bargello, Florença; Gattamelata (estátua equestre) – Pádua, Maria Madalena – Duomo, Florença e Judite e Holofernes – Palazzo Vecchio, Florença.
Giotto: Um dos grandes gênios da pintura do Renascimento, Giotto é considerado o introdutor da perspectiva na pintura da época e o elo entre o renascimento e a pintura medieval e bizantina. A característica principal do seu trabalho é a identificação da figura dos santos como seres humanos de aparência comum. Esses santos com ar humanizado eram os mais importantes das cenas que pintava, ocupando sempre posição de destaque na pintura. Seus maiores trabalhos são: vários grandes afrescos na Basílica de São Francisco de Assis, que contam a vida de Francisco de Assis; afrescos da igreja Santa Maria Novella em Florença e o enorme crucifixo, também na mesma igreja, de 5 metros de altura; afrescos da Capella degli Scrovegni, a Pádua, considerada o maior trabalho de Giotto.
Leonardo da Vinci: foi uma das figuras mais importantes do Alto Renascimento, se destacou como cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta e músico. É ainda conhecido como o precursor da aviação e da balística. Conhecido principalmente como pintor, duas de suas obras, a MonaLisa (ou Gioconda, no Louvre) e A Última Ceia (ou Cenacolo – em Milão), estão entre as pinturas mais famosas, mais reproduzidas e mais parodiadas de todos os tempos e sua fama se compara apenas à Criação de Adão, de Michelangelo. O desenho do Homem Vitruviano, também é tido como um ícone cultural. Suas principais obras em pintura: Annunciazione, Uffizi – Paesaggio con fiume, Firenze, Gabinetto dei Disegni e delle Stampe; Battesimo di Cristo, Uffizi (com Verrocchio e outros); San Girolamo, Pinacoteca vaticana; Studio di fiori – Venezia, Galleria dell’Accademia; Adorazione dei Magi Uffizi; Vergine delle Rocce, Louvre; Dama con l’ermellino Cracovia, Museo Czartoryski; Uomo vitruviano Venezia, Gallerie dell’Accademia; Vergine delle rocce, Londra, National Gallery; Testa di Cristo Milano, Pinacoteca di Brera; Ultima Cena, Milano, Refettorio di Santa Maria delle Grazie; Ritratto di Isabella d’Este Louvre; Gioconda Louvre; San Giovanni Battista, Louvre; Sant’Anna, la Vergine e il Bambino con l’agnellino, Louvre; Bacco Louvre;
Michelangelo: foi um pintor, escultor, poeta e arquiteto italiano, considerado um dos maiores criadores da história da arte do ocidente. Ele desenvolveu o seu trabalho artístico por mais de setenta anos entre Florença e Roma, onde viveram seus grandes mecenas, a família Médici de Florença, e vários papas romanos. Várias de suas criações estão entre as mais célebres da arte do ocidente, destacando-se na escultura: o Baco (no Museu Nacional de Bargello em Florença), a Pietà (na Basílica di San Pietro – Roma), o David (na Galleria delle Belle Arti – Firenze), as duas tumbas Médici (na Basílica di San Lorenzo – Firenze) e o Moisés (na igreja de San Pietro in Vincoli – Roma); e na pintura o vasto ciclo do teto da Capela Sistina e o Juízo Final no mesmo local; dois afrescos na Capela Paulina; serviu como arquiteto da Basílica de São Pedro implementando grandes reformas em sua estrutura e desenhando a cúpula, remodelou a Piazza Del Capitólio romano.
Vasari: pintor, de grande talento especializado em vitrais, e arquiteto italiano conhecido principalmente por suas biografias de artistas italianos. Sua educação humanista foi-lhe de grande serventia, e durante seus estudos, conheceu Michelangelo, cuja arte influenciou bastante o estilo de Vasari. Visitou Roma e estudou os trabalhos de Rafael e outros artistas do Alto Renascimento romano. Seus serviços eram regularmente utilizados pela família dos Médici tanto em Florença como em Roma, mas trabalhou também em locais como Nápoles e Arezzo. Dentre seus trabalhos mais importantes, podem-se citar: a parede e o teto da sala principal do Palazzo Vecchio, em Florença, e os afrescos incompletos, no Duomo de Santa Maria del Fiore.
Teve maior êxito como arquiteto, podendo-se citar a loggia do Palazzo degli Uffizi, ao lado do Arno: o planejamento urbanístico do longo e estreito jardim que funciona como praça pública (piazza) e a longa passagem que o conecta ao Palácio Pitti através da Ponte Vecchio. Em vida, Vasari contou com alta reputação e fez fortuna. Construiu para si uma mansão em Arezzo (que hoje é museu em sua homenagem) e passou incontáveis dias dedicando-se a decorá-la com obras-de-arte.
Vasari ficou conhecido como o primeiro historiador da arte, através de seu livro Le vite de’ più eccellenti pittori, scultori e architettori, onde registrou a biografia dos principais artistas do Renascimento.