O Memorial nacional dos heróis do terror de Heydrich
Esse pequeno museu tenta não apagar da memória um triste fato ocorrido no país.
O memorial é um autêntico lugar de batalha da Segunda Guerra Mundial, pois foi um refúgio secreto que a Igreja Ortodoxa Checa ofereceu aos pára-quedistas checoslovacos que assassinaram o terrível protetor do reich Reinhard Heydrich.
A exposição está localizada na cripta da igreja barroca de São Cirilo e Metódio. A exposição é pequena e acaba sendo muito interessante após ler ou ouvir informações sobre o ocorrido naquele local.
Acredito que tenha tour guiados, mas ao chegarmos, lemos a cronologia dos fatos no painel do saguão e pedimos mais informações sobre o local e o Petr nos ajudou bastante.
Quem foi Heydrich?
Reinhard Heydrich foi um dos líderes da Schutzstaffel (“Tropa de Proteção”) durante o regime nazista na Alemanha. Assumiu o cargo de protetor dos territórios da Boêmia e Morávia em 1941 e cometeu no período da sua liderança diversos “horrores” e “terrores” que o deu o apelido de “Carniceiro de Praga”.
Mas, o que aconteceu?

Bom, em maio de 42, o carro no qual Heydrich viajava foi emboscado e ele foi assassinado por dois integrantes da resistência tcheca, treinados na Inglaterra. Eles foram lançados de paraquedas sobre a Tchecoslováquia.
Os dois integrantes que participaram diretamente do assassinato, Gabčík e Kubiš, se esconderam na cripta da igreja de São Cirilo e Metódio junto com outros 5 integrantes.
Os alemães, sem saber da localização exata deles, partiram para uma vingança, que causou perto de 1500 mortes em toda a Tchecoslováquia e se estendeu a parentes e amigos de resistentes.
A mais cruel ocorreu no vilarejo de Lídice, que era suspeita de ter acolhido os dois assassinos. Foram 340 habitantes, sendo 173 homens, 60 mulheres e provavelmente 88 crianças. Os homens acima de 15 anos foram fuzilados e as mulheres e crianças levadas à campos de concentração.
Após o massacre, a cidade inteira foi demolida por explosivos e os alemães espalharam grãos e cevada pelo chão de toda a área para transformá-la em pasto e a riscaram dos mapas da Europa.
E o que ocorreu com os resistentes tchecos?
Os dois, junto com mais outros 5 pára-quedistas do grupo se esconderam na cripta desta igreja, um local sem porta que, para entrar, tinha que empurrar uma pedra e descer por um buraco e ali ficaram por 22 dias.
O paradeiro só foi descoberto porque um dos pára-quedistas do grupo os traiu em troca de dinheiro.
Os nazistas entraram na igreja, atirando em todas as pessoas que estavam ali dentro. O objetivo era capturá-los ainda vivos, mas ao perceber que não conseguiria resistir, os que ainda estavam vivos se suicidaram.
Além de muitas outras pessoas que prestaram assistência aos pára-quedistas, oficiais da Igreja Ortodoxa de São Cirilo e Metódio que ajudaram a esconder pára-quedistas também foram executados.
Após o término da guerra, o regime comunista tentou ocultar os fatos, visto que a “liberação” (ou o assassinato do alemão) foi obra dos britânicos. Apenas após o fim de regime comunista o local foi reaberto e assim contar ao mundo o que ocorreu ali dentro.
Apesar de uma história pesada, o museu é muito interessante (assim como a igreja) e vale muito a pena uma visita.
Como chegar até o local?

Quebramos cabeça para encontrar o memorial, pois não sabíamos que ficava na cripta de uma igreja. Quem nos guiou foi o navegador offline do Google Maps e quando chegamos no endereço (Resslova 9a, Praha 2 – Nové Město, 1) , achamos uma porta fechada e sem nenhuma indicação.
Olhamos para os lados e nada.
Vimos no final da rua um prédio diferente e cheio de gente. Achamos que era ali (na verdade era o Dancing House) e ali ninguém soube nos indicar.
Voltamos para onde constava o endereço e vimos em uma ruazinha (Na Zderaze), embaixo da entrada da igreja, uma placa indicando a cripta.
Informações (infelizmente sem tradução): http://www.vhu.cz/muzea/
Preços: 75 CZK (aproximadamente 3€)
Eu não conhecia esse acontecimento… Não tinha também ouvido falar desse local, quero muito conhecer um dia. As histórias de guerra são realmente muto tristes mas muito importantes pra conhecermos a história. Parabéns pelo texto e pelas fotos!
Desconhecia por completo este episódio, sou dois que acha bem preservar estes locais para memória futura, o ser humano é capaz de cometer os mais diversos crimes horrendos…
Não conhecia este episódio da resistência checa durante a 2ª Guerra Mundial. Infelizmente a bravura de uns, causava paralelamente a desgraça de outros, neste caso a sede de vingança foi mesmo macabra, principalmente por se tratarem de inocentes.
Vejo que tiveram um trabalhinho para encontrar a cripta, mas, pelo visto, voltaram cheio de histórias sobre mais um lugar visitado! É uma das coisas que mais gosto das viagens.
Quando estive em Praga passei na frente desse museu, mas acabei optando por não conhecê-lo. Nem lembro o porquê! Mas que interessante a história dele, acho que realmente fica melhor ir visitá-lo depois de ler um pouco sobre o local. Praga sofreu muito mesmo com a Guerra e eu pelo menos consegui sentir isso só de andar nas ruas. Essa história de ficar 22 dias vivendo nessas condições me lembrou um pouco da história da Anne Frank e família. É uma pena, mas é a história né? Acho que a essa altura o importante é que a história nunca mais se repita, né?
Adorei o post, sinto que apesar de passar por alguns lugares, sempre fica faltando informação sobre eles… Essa história completou um pouquinho o que sei sobre a cidade. 🙂