Conheça a Nápoles de Elena Ferrante, autora de “A Amiga Genial”

A Nápoles de Elena Ferrante, autora de “A Amiga Genial”.

A Nápoles de Elena Ferrante

Vamos passear juntos pela Nápoles de Elena Ferrante e pelas estradas que Lenù e Lila caminharam na chamada série napolitana?

Janeiro deste ano, ganhei de um aluno-amigo que partia para viver na Europa, uma coleção com uns 30 bons e novos livros. Um dos mais preciosos presentes que recebi nos últimos anos, graças ao bom gosto dele.

No meio de toda aquela preciosa coleção, havia o “L’Amica Geniale”, primeiro livro da tetralogia escrita pela famosa Elena Ferrante, pseudônimo usado por um(a) escritor(a) italiano(a), sobre a vida de duas grandes amigas da periferia napolitana. Duas amigas inteligentes na qual não sabemos quem é a tal Amiga Genial!

Comecei a lê-lo sem muita pretensão e me encantei. O devorei! No Brasil, foi traduzido pelo meu ex professor de literatura italiana, Mauricio S. Dias. Como prefiro ler no original, corri para comprar os outros 3 ebooks que compõe a tetralogia. E os devorei também! Em pouco tempo!

Enquanto os lia, tentei perseguir seus passos via Google. Hoje, me arrependo de não ter anotado cada passo em um caderno. Me facilitaria escrever este post.

 Que tal ver este também? Se você curte literatura e séries de TV, que tal ver meu post sobre os  cenários de Outlander nas Highlands da Escócia?

A Nápoles de Elena Ferrante na infância

  • O tal Rione (bairro) de Napoli: Rione Luzzatti

Várias cenas do livro ocorrem no “rione” onde a narradora Elena Greco, a Lenù ou Lenuccia, nasceu e morou por muito tempo. Ela não diz onde fica, não cita nome de rua, apenas o chama de “rione” (bairro, em italiano, palavra usada pelo Mauricio em sua tradução).

No entanto, ela o descreve, pouco a pouco, ao longo de toda narrativa… Ela descreve as casinhas pobres de 4 andares construídas no pós-guerra, a igreja Sacra Família, a escola que ela estudou, a biblioteca que ela frequentava, mas isso quase todos os bairros de periferia têm.

O que fez alguns leitores identificar o “rione” descrito na narrativa com o “Rione Luzzatti”, nas proximidades da estação Gianturco, foram algumas particularidades que eles encontraram por lá: a estação de trem, o túnel com “3 bocas” (como ela descreve no texto original), os pântanos, o estradão e até mesmo o posto de gasolina do estradão, do futuro marido de uma das meninas.

Criei aqui um mapa dentro do My.Maps

Quer confirmar? Leia o trecho

Pelas ruas do Rione Luzzatti, vemos diversos prédios de quatro andares e alguns com um grande espaço no centro. Venho a acreditar que um desses tenha sido pensado para o conjunto de casas dos personagens.

Creio ainda que seja um dos dois conjuntos nas proximidades da Via Gianturco (o estradão), fechados por um portão: “À direita, saindo pelo portão, estendia-se o fio de uma campina sem árvores sob um céu imenso. À esquerda havia um túnel com três entradas”.

A foto que postei é do tal estradão, com o prédio que eu chuto ser o das meninas. Conseguem ver o portão aberto? Ao fundo, o túnel de 3 entradas (ou boca, como no original) e o posto de gasolina.

Pelo o que eu li, resta bem pouco da área dos pântanos, mas era muito comum no pós-guerra. Boa parte deste espaço hoje se transformou no moderno Centro Direzionale, com prédios imensos. Pela foto ao lado, o bairro das meninas estaria atrás dos altos prédios.

A própria Lenù, anos depois, quando retorna ao rione, o encontra diferente e se espanta com a quantidade de prédios novos que se levantaram por ali.

  • O centro de Nápoles com o pai

Monumento a Carlo III em Piazza Plebiscito, com vista para a Galeria Umberto I. Foto de Mstyslav Chernov

Por diversas vezes Lenù vai ao centro com seus amigos, mas a primeira vez nos é mostrada no capítulo 14, dentro de Adolescência – História dos sapatos, quando seu pai decide mostrar o caminho que ela fará para chegar até o liceu.

E não tem melhor capítulo para conhecer o centro de Nápoles que este.

Na ocasião, eles ainda estão construindo a estação central Garibaldi e a sensação que eu tive, lendo, era que seu “rione” era muito distante dali.
Lenù nos faz crer isso.
É sua primeira vez fora daquele quarteirão e seu pai a mostra muitos lugares turísticos em um único dia:

Leia aqui o trecho inteiro

(…) Mostrou-me a praça Garibaldi e a estação que estavam construindo…. Levou-me pela avenida Garibaldi até o prédio que seria minha nova escola …. Me mostrou a praça Carlo III, a Hospedaria dos Pobres, o Jardim Botânico, a rua Foria, o Museu. Me levou pela rua Costantinopoli, por Port’Alba, pela praça Dante, por Toledo. (…) Depois me levou para ver o local onde trabalhava, que ficava na praça Municipal. Ali também, disse, tudo tinha sido refeito, as árvores cortadas, os prédios destruídos: veja agora quanto espaço, a única coisa antiga é o Maschio Angioino (…). Seguimos pela rua Caracciolo, o vento cada vez mais forte, sempre mais sol. O Vesúvio era uma forma delicada de tom pastel, aos pés do qual se amontoavam as pedras esbranquiçadas da cidade, a silhueta cor de terra do Castel dell’Ovo, o mar. Mas que mar.

  • Ainda pelo centro, com os amigos

Pouco capítulos depois (16), Lenù visita o centro com Lila (talvez a primeira vez dela) junto a outros amigos e eles vão à uma pizzaria na Corso Umberto I, conhecida como Rettifilo, que será cenário de muitos outros capítulos da Amiga Genial.
No capítulo 26, a turma retorna para o centro e elas circulam pelas ruas de compras chamadas Via Chiaia, Via Filangieri e Via dei Mille, até Piazza Amedeo. Neste dia, elas ainda vão até a Praça do Plebiscito.

Leia o pequeno trecho”

No segundo livro, muitas coisas acontecem na Piazza dei Martiri, um pequeno triângulo do centro de Nápoles com prédios imponentes e marcas de grife.

Piazza dei Martiri, foto de Celia Hippie

A Nápoles de Elena Ferrante na vida adulta

  • Lenù e Lila na vida adulta

O bairro de Chiaia, a parte baixa. Acima se encontra Vomero. Destaque para o Viale Gramsci

Uma das piores fases de Lina é quando ela vai trabalhar na fábrica de Bruno Soccavo no bairro de San Giovanni a Teduccio.

Tempos depois, Lenù decide-se mudar para Nápoles. Ela não retorna para o pobre e violento rione, mas para o bairro elegante de Vomero, mais precisamente na via Torquato Tasso. Sua casa tinha uma janela com vista para o mar e para o Vesuvio!

Tempos atrás, na época do liceu, elas visitaram este bairro, na Corso Vittorio Emanuele, onde morava a professora Galleani.

Por enquanto, paro por aqui, mas farei um post único sobre os locais históricos de Nápoles citados por Lila, na voz da filha caçula de Lenuccia, no 4° livro.


Ps: Há quem diga que toda essa “Ferrante Fever” gire em torno do anonimato da escritora. Eu discordo! Comecei a devorar seus livros sem dar a importância a isso e confesso que fico triste em saber da falta de escrúpulo de alguns jornalistas, como Claudio Gatti, que obteve a lista de pagamentos da editora e “revelou ao mundo” quem seria a possível Elena Ferrante. Para mim, pouco importa se é a tal tradutora, se é seu marido, se é qualquer um outro. Amei Ferrante! Além da leitura deliciosa, temos um relato apaixonante de Napoli, com todo seu defeito e qualidades! Quero logo visitar essa cidade e ficar pelo menos 1 semana por là!


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About Juliana (www.turistando.in)

Mãe do Léo, professora de italiano e apaixonada pelas maravilhas do mundo.

13 thoughts on “Conheça a Nápoles de Elena Ferrante, autora de “A Amiga Genial”

  1. Juliana, tentei comprar os e-books vols. 1, 2 e 3 em italiano pela amazon mas não consegui. Você pode me dizer como eu faço? Em português eu comprei. O vol. 4 comprei impresso. Gostaria de lê-los no idioma original.
    Regina

  2. Não consegui comprar os e-books vols. 1, 2 e 3 em italiano pela Amazon. Só os encontrei na Amazon uk, mas não posso comprá-los (não sei a razão). Como você conseguiu?
    Regina

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